domingo, 29 de abril de 2012

Chronicle (2012) ★★★★

Realização: Josh Trank 
Argumento: Max Landis

Três amigos ganham super-poderes ao entrarem em contacto com uma substância misteriosa. A partir daí decidem documentar as suas façanhas, filmando tudo, sem saberem os problemas que iriam defrontar.


De vez em quando aparece aquele filme que, surpreendentemente, começa a provocar algum barulho e nos introduz novos talentos, "Chronicle" é aquele filme! Josh Trank tem 26 anos e esta é a sua primeira realização, Max Landis tem também 26 anos, fez anteriormente alguns pequenos argumentos mas este filme faz revelar a sua existência no mundo cinematográfico.
Não vou esconder que no inicio, deste fantástico filme, não estava a achar que a formula pseudo-documentário funcionaria bem como funcionou em alguns filmes, tais como "The Blair Witch Project "  ou mesmo "[REC]", mas com o desenrolar da historia e através de pormenores espantosos, o filme conseguiu colocar-me no seu interior de uma forma emocional e tornar-me um crente. 
"Chronicle" é um drama de ficção-cientifica com extraordinários efeitos visuais mas onde a grande diferença está em personagens dignas de uma  banda-desenhada em que o factor humano nunca é esquecido.
É incrível como em 83 minutos e com um orçamento limitado consegue-se fazer o que muitos não conseguem em 120 minutos, ou mais, e com altos orçamentos. Posso estar enganado mas acredito que a diferença está nos sentimentos, na forma como estes são expostos e provocados, porque toda esta criatividade encantadora cria-nos raízes e só nos mexemos quando nos apercebemos que filme acabou e a nossa realidade voltou.
"Chronicle" é algo de novo e autentico, é aquele filme revelação que permanecerá na mente e coração de muitos.


sexta-feira, 27 de abril de 2012

Sherlock Holmes: A Game of Shadows (2011) ★★★

Realização: Guy Ritchie
Argumento: Michele Mulroney e Kieran Mulroney

Quando o príncipe herdeiro da Áustria é encontrado morto, a evidência, segundo o Inspector Lestrade, aponta para suicídio. Mas Sherlock Holmes deduz que o príncipe foi assassinado - um assassínio que é apenas uma peça de um grande e poderoso puzzle, projectado pelo Professor Moriarty. Misturando negócios com prazer, Holmes segue as pistas até um clube de senhores nocturno, onde ele e o seu irmão, Mycroft Holmesbrindam ao Dr. Watson na sua última noite de solteiro. É aí que Holmes encontra Sim, uma cigana cartomante, que vê mais do que aquilo que conta e os envolvidos no assassinato do príncipe tornam-na no próximo alvo a abater.


"Sherlock Holmes: A Game of Shadows" tem momentos violentos muito divertidos e por este meio consegue nos entreter. Acredito que este seja o objectivo desta sequela que tal como o anterior conseguiu manter-me sorridente durante quase todo o tempo.
Em comparação ao primeiro, este é maior e mais barulhento mas continua com a realização que só Ritchie sabe fazer, a personagem Holmes continua extremamente divertida e bem interpretada por Robert Downey Jr. e igualmente pode se dizer de Watson, onde Jude Law faz novamente um bom trabalho.
É evidente que esta sequela não traz algo de novo ao mundo cinematográfico e não nos deixa felizes após. Simplesmente enchemos os olhos no momento e  depois sentimos algum vazio no inicio dos créditos finais, isso é um sentimento já conhecido, pois já havia sido causado pelo anterior "Sherlock Holmes". 
"Sherlock Holmes: A Game of Shadows" não é um filme para ser levado a serio mas diverte-nos e carrega-nos até à sua conclusão. 


quinta-feira, 19 de abril de 2012

Haywire (2011) ★★★

Realização: Steven Soderbergh
Argumento: Lem Dobbs

Após libertar um jornalista chinês refém, Mallory (Gina Carano) é enganada e abandonada à morte por alguém da própria agência do Governo para quem trabalha. De repente um grupo de assassinos conhece cada passo seu, mas Mallory liberta a fúria das suas capacidades de combate para descobrir a verdade e vira o jogo contra o seu adversário.


Se Lara Croft e Jason Bourne tivessem uma filha seria Mallory Kane (tem a agilidade de Croft e brutalidade de Bourne). O foco central deste thriller, embora ter um elenco secundário de luxo, é a personagem interpretada por Gina Carano onde vemos a sua capacidade para o combate e, de certa forma, uma semelhança a uma heroína de banda desenhada.
A coreografia dos combates estão muito bem executadas e filmadas, a ideia de não colocar faixa sonora durante eles não é nova mas funciona na perfeição, principalmente quando se quer dar um ar mais violento e realista.
O problema desta longa-metragem centra-se, claramente, no argumento que nos faz sentir perdidos em personagens com muito pouco desenvolvimento e por isto nunca  chega a provocar um grande impacto na historia nem ajuda a entrarmos fortemente no enredo. Tem alguns buracos no argumento, principalmente se questionarmos se tudo que está a ocorrer no ecrã seria possível acontecer na nossa realidade ou mesmo naquela criada no filme: Seria possível aquela organização sobreviver muito tempo com a variedade de mortes que ocorrem? 
Em suma "Haywire" é puro entretenimento, merece ser visualizado mas não é para ser levado a serio. O melhor será deixar o raciocino fora do filme e seguir em viagem relaxado.


domingo, 15 de abril de 2012

Intouchables (2011) ★★★★

Realização: Olivier Nakache e Eric Toledano
Argumento: Olivier Nakache e Eric Toledano

Após um acidente de para-pente, Philippe, um rico aristocrata, contrata Driss, um jovem dos subúrbios, praticamente acabado de sair da prisão, para o assistir no dia a dia, e que parece a pessoa menos adequada para a função. Juntos, vão fazer renascer Vivaldi, recuperar "Earth Wind and Fire", o verbo e o portão, os fatos clássicos e os fatos de treino. Dois universos cruzam-se e integram-se para dar nascimento a uma amizade tão louca, divertida e forte quanto inesperada, uma relação única que produz faíscas e torná-los verdadeiros amigos improváveis.


Quando vi o trailer desta comédia dramática fiquei um tanto desconfiado, mas lá acabei por fazer um esforço e dispensei 112 minutos da minha vida. O incrível é que estes 112 minutos passaram tão rapidamente que acabei por desejar mais. "Intouchables" não é o típico filme melo-dramático que força uma lágrima ou mesmo um sorriso, "Intouchables" é simplesmente electrizante e muito divertido. Carrega-nos nos braços e insere-nos na vida de duas personagens opostas mas fascinantes explorando-as até o derradeiro final. 
A trilhas sonoras, que acompanham toda esta viagem, são de grande requinte e ajudam a envolver-nos, com um grande sorriso, no que se está a passar no ecrã. 
Existe momentos de enormes gargalhadas e de tristeza mas o que fica é a felicidade de estarmos perante um filme extremamente agradável.
Poderia estar aqui a tentar encontrar mais argumentos para demonstrar o quanto "Intouchables" me fascinou mas estes argumentos não seriam suficientes para provocar os sentimentos que esta longa-metragem me incitou.





Urban Explorer (2011) ★

Realização: Andy Fetscher
Argumento: Martin Thau 

Uma grupo de quatro jovens contrata um guia, que os leva para o mundo subterrâneo da cidade de Berlim. Quando o guia tem um acidente, e enquanto dois vão à procura de ajuda, os outros recebem a visita de alguém que diz que os quer ajudar mas acaba tornando o resto das suas vidas num pesadelo. 


Não vou esconder que não tinha algumas expectativas a respeito deste filme e mesmo quando vi o trailer não encontrei algo que fosse apelativo mas mesmo assim tive a oportunidade de visualizá-lo. 
É interessante como, às vezes, a nossa primeira impressão é a correcta. "Urban Explorer" é um slasher com alguns momentos arrepiantes mas não vai mais para além disso, é muito previsível e contém momentos típicos de anti-climax . As personagens, como acontece normalmente no género, não têm profundidade e existe buracos no argumento maiores que o do ozono. 
Para terminar, o tempo já muito dispensado a este slasher de fraco nível, gostaria de salientar o meu profundo desagrado por filmes deste género, onde o foco é matar a sede a sedentos por sangue e não em criar um agradável momento cinematográfico. 


quarta-feira, 11 de abril de 2012

Shame (2011) ★★★★★

Realização: Steve McQueen
Argumento: Steve McQueen e Abi Morgan 

Brandon (Michael Fassbender) é um homem bem sucedido que mora sozinho em Nova York. Seus problemas de relacionamento, aparentemente, são resolvidos durante a prática do sexo, tendo em vista que é um amante incontrolável. Contudo, sua rotina de viciado em sexo acaba sendo profundamente abalada quando sua irmã Sissy (Carey Mulligan) aparece de surpresa e pretende morar com ele. 


Existem varias razões para adorar esta brilhante longa-metragem. Começo pela mais evidente; a estrondosa interpretação de Fassbender. É incrível como as suas expressões faciais nos conseguem despertar tantas emoções. Não acredito que exista muitos actores que aceitassem este desafio. 
A realização de Steve McQueen insere-nos rapidamente na vida de Brandon, fazendo-nos sentir o seu isolamento e o seu vicio extremo por sexo dando-nos a percepção que existe algo de triste no seu passado, não sendo necessário sabermos o quê. Os primeiros planos da face de Brandon são longos e maravilhosos, a fotografia  é esplêndida e a banda-sonora faz-nos flutuar para dentro do ecrã, como se fossemos arrastados pelas as suas  belíssimas notas. 
"Shame" é  um drama complexo, belo e muito emocionante que penetra-nos o coração, viola-nos a mente e explora os nossos sentimentos.


segunda-feira, 9 de abril de 2012

The Hunter (2011) ★★

Realização: Daniel Nettheim 
Argumento:  Alice Addison, baseado na obra literária de Julia Leigh

Martin (Willem Dafoe),é  um mercenário enviado da Europa, por uma empresa misteriosa de biotecnologia, ao deserto selvagem da Tasmânia em uma caçada dramática ao último tigre-da-Tasmânia.


Começo por falar nos aspectos que me agradaram neste "The Hunter". O aspecto que me saltou logo à vista foi a sua fotografia espantosa e os momentos na floresta solitária da Tasmânia, que me provocou uma inevitável admiração à sua beleza natural. O outro aspecto que me agradou, para além da já habitual interpretação de Dafoe, foram alguns momentos de suspense, em que Martin (Willem Dafoe) parte em busca da sua presa.  No entanto, "The Hunter" foca-se muito num drama familiar e nos maus tratos ambientais mas nunca consegue enfia-los, por completo, na sua moldura. Talvez se o foco maioritário fosse o confronto entre homem e besta na floresta da Tasmânia o quadro estaria completo e bem exposto. 
No final, após 90 minutos de expectativa, encontramos um confronto muito breve, que acaba  por nos colocar os lábios secos de insatisfação.

Once Upon a Time in Anatolia (2011) ★★★★

Realização: Nuri Bilge Ceylan 
Argumento: Nuri Bilge Ceylan, Ebru Ceylan e Ercan Kesal 

Um grupo composto por policias, um promotor, um médico, dois coveiros e um criminoso procuram nas colinas desertas de Anatólia o corpo de uma vítima de assassinato.


"Once Upon a Time in Anatolia"é aquele filme especial de 150 minutos que nos deixa, inicialmente, a pensar se todo aquele tempo seria necessário, mas rapidamente percebemos que tudo o que estamos a ver é necessário e o tempo cai no esquecimento. Não é um filme directo mas precisa de ser assim para demonstrar a sua ideia. O facto de ser indirecto torna tudo à sua volta enigmático fazendo-nos prender às personagens que nos proporcionam momentos de diálogos estupendos e profundos. 
Nuri Bilge Ceylan não nos cede grandes momentos dramáticos e deixa-nos fabricar sentimentos pelas personagens. No final chegamos à conclusão de como a busca influenciou a todos, principalmente o médico e o promotor.
Atenção que "Once Upon a Time in Anatolia" não é um filme comum, a sua lentidão e longevidade pode desagradar a muitos mas a partir do momento que entramos no interior das suas personagens sentimo-nos atraídos por todo o ambiente que o envolve. 

 

sábado, 7 de abril de 2012

Mientras duermes (2011) ★★★★

Realização: Jaume Balagueró 
Argumento: Alberto Marini 

César (Luis Tosar) trabalha como porteiro num prédio, mas tem um terrível segredo, uma obsessão muito particular, ele adora magoar, adora provocar dor ao mundo que o rodeia. 
A nova vizinha do 5º B não pára de sorrir; entra e sai todo dia radiante e feliz e por esta razão ela é a nova obsessão de César.  


Observando rapidamente a sinopse, deste novo filme de Jaume Balagueró, podemos ser conduzidos para um sabor muito familiar, pode parecer tanto com tantos outros, mas se olharmos para a forma que tudo está construído, reparamos que existe uma enorme diferença. Esta agradável diferença está no toque magico de uma realização deslumbrante que nos coloca, quase todo o tempo, nos bicos dos pés. 
Balagueró consegue provocar-nos medo constante, através de momentos de puro suspense numa atmosfera brilhantemente arrasadora que nos deixa sem fôlego.
Mientras duermes é sem duvida um thriller psicológico com um argumento muito bem escrito e com espantosas interpretações que muitas vezes conseguem elevar, ainda mais, o filme.
No final, sentimos que acabamos de ver algo doente, traumatizante e arrasador  mas cinematograficamente gratificante onde,mais uma vez, Balagueró consegue surpreender e demonstrar o porquê de ser um dos melhores realizadores, do género, da actualidade.