sábado, 24 de dezembro de 2011

MoneyBall (2011) ★★★★

Realização: Bennett Miller
Argumento: Steven Zaillian, Aaron Sorkin

Baseado no livro de Michael Lewis - Moneyball: The Art of Winning an Unfair Game, conta a historia verdadeira do General Manager Billy Beane ( Brad Pitt) da equipa de basebol "Oakland A’s" que no ano de 2002,com orçamento diminuto,começa a usar estatísticas em vez da forma convencional de gerir, levando a equipa a patamares nunca antes alcançados.
Existem muitos aspectos nesta longa-metragem que merecem e têm que ser mencionados, um deles é a performance do senhor Brad Pitt, que demonstra ter sido muito bem escolhido para reencarnar Billy Beane. Um outro aspecto que não poderia deixar de mencionar é a maneira que Miller (Capote) consegue colocar este drama, sobre desporto e negocio, num elevado patamar arrebatador e intenso. Quando somos levados para o campo é nos mostrado momentos importantes do jogo e para todo o filme, não nos colocando em situações melancólicas, já habituais no género. 
Tal como em Social Network, que também foi escrito por Aaron Sorkin, é sobre uma inovação que revolucionou uma cultura mas acaba por focar-se em  demonstrar que não existe capital que substitua uma paixão e que o conservadorismo não leva à evolução.

terça-feira, 13 de dezembro de 2011

Contagion (2011) ★★★

Realização: Steven Soderbergh 
Argumento: Scott Z. Burns

Um vírus letal, transmissível pelo ar, que mata em poucos dias alastra-se rapidamente e a comunidade médica mundial inicia uma corrida para encontrar a cura e controlar o pânico que se espalha mais rápido do que o próprio vírus. Ao mesmo tempo as pessoas lutam para sobreviver numa sociedade que está desmoronando.
Esta é a base de "Contagion" o novo trabalho de Soderbergh que nos consegue levar, eficazmente,  por um corredor aterrorizante. 
Tal como em "Outbreak (1995)" o filme concentra-se na procura da cura de um vírus letal mas  a diferença deste encontra-se na forma em que tudo se desenvolve, embrulhando-nos numa atmosfera arrasadora de puro desespero. 
Soderbergh filmou em 6 localidades mundiais diferentes, isto ajudou a transmitir algum realismo e conseguiu manter, durante todo tempo, a intensidade necessária para um filme deste género.
Conta com um elenco de grande nível e com uma banda sonora forte e adequada, que ajuda ainda mais o objectivo deste thriller. 
 "Contagion" acaba por ser o filme mais realista sobre uma epidemia mundial mas falha em não conseguir demonstrar a profundidade de um mundo apocalíptico, faltando algo para completar toda a atmosfera, talvez uma ajuda do senhor Cormac McCarthy, escritor de "The Road", ou mesmo de George A. Romero, faria a diferença necessária.

50/50 (2011) ★★★★

Realização: Jonathan Levine
Argumento: Will Reiser

Baseado em factos verídicos "50/50" conta a historia de Adam (Joseph Gordon-Levit), um rapaz com 27 anos que descobre que tem um cancro muito raro que o faz embarcar num percurso muito difícil de tratamento e ao mesmo tempo tentar descortinar o sentido da sua vida e as pessoas que o envolvem. 
Só num olhar para a sinopse poderíamos dizer que "50/50" é um drama de todos os tamanhos mas acabávamos por perceber que estávamos completamente enganados. 
Sinceramente, quando visualizei este filme não sabia que era baseado num momento da vida do argumentista Will Reiser, que "desenhou" aqui a sua experiência muito pessoal, trouxe pormenores importantes a toda a esta experiência cinematográfica de uma forma dramaticamente divertida. Nunca pensei dizer isto sobre uma obra e nunca imaginei ver um filme tão alegre, com momentos hilariantes, sobre um tema tão dramático mas para tudo existe uma primeira vez e aqui está a prova disto mesmo.
O filme está repleto de personagens interessantes, bem interpretadas (Seth Rogen está, novamente, hilariante) e contém um recheio de momentos delicados que nos coloca numa batalha 50/50 entre a gargalhada e a lágrima, onde esta ultima nunca chega a cair porque a primeira acaba por a exceder.
Acima de tudo "50/50" acompanha o aproximar da morte mas valorizando a vida, de uma forma espantosa que faria um suicida querer respirar.
Não existia nada belo em uma pessoa sofrer de cancro até ao dia em que esta longa-metragem foi criada.

quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

Warrior (2011) ★★★

Realizador: Gavin O'Connor
Argumentistas: Gavin O'Connor, Anthony Tambakis e Cliff Dorfma.

Dois irmãos que seguiram caminhos diferentes na vida, Tommy Riordan (Tom Hardy) é um ex-fuzileiro naval e Brendan (Joel Edgerton) é um professor que passa por problemas financeiros e precisa sustentar a sua família. Ambos com um passado em Mix Martial Arts tendo eles sido treinados pelo pai (Nick Nolte) entram agora num torneio considerado o Super Bowl do MMA, que decorre durante dois dias. Tommy e Brendan terão de enfrentar os seus medos, dentro e fora do ringue, num ambiente repleto de emoções.
"Nunca julgar um livro pela sua capa." Este filme é o perfeito exemplo deste ditado. "Warrior" põe-nos o sangue a ferver, não pelo seu aspecto violento, mas pela conjunção técnica, recheada de pormenores e por toda agitação a nós provocada. 
Na sua fase inicial o filme foca-se mais nos seus protagonistas onde Nick Nolte demonstra mais uma vez ser um actor de grande nível. Na segunda parte e ultima, encontramo-nos no mundo sangrento da MMA de uma forma nunca antes aproveitada. Esta ultima parte está carregada das melhores cenas de luta que alguma vez visualizei, muito bem filmadas e recheadas de emoção, acompanhadas por uma banda-sonora e edição de som excepcionais. 
O conceito "Rocky" é também aqui usado, tornando as coisas mais próximas do final previsíveis, no entanto este não é só um filme sobre desporto mas também um filme sobre relações humanas muito bem construído, com um final carregado de coração. 
"Warrior" é um filme poderoso que eleva o género a um nível vertiginoso, pontapeia-nos o coração e aproveita para nos socar a mente mas no final a vitória é nossa.

domingo, 27 de novembro de 2011

Fright Night (2011) ★★★

Charles Brewster, um adolescente de 17 anos, descobre que o seu novo vizinho Jerry (Colin Farrel) é um vampiro. Tenta provar tal descoberta mas é ignorado pela mãe e amigos. Sem outra opção, Charles decide recorrer a Peter Vincent, apresentador do seu preferido programa de monstros.
 Vinte e seis anos depois do original aparece este remake que funciona, não por estar muito preso à versão de 1985 mas porque também é a verdadeira ressurreição de um filme de vampiros que nos leva a sentir, novamente, emoções electrizantes.
A interpretação fascinante de Colin Farrel é o que acelera a nossa pulsação com instantes que nos estacam o coração, num filme recheado de momentos inteligentes. Tal como o original, este " Fright Night" tem momentos divertidos envolvidos em banho de sangue mas neste a diversão consegue ser mais surpreendente e arrasadora.
Numa altura em que o sucesso nas bilheteiras são de filmes para adolescentes, sobre vampiros melo-dramáticos e amorosos que dão lições de moral, "Fright Night" aparece para mostrar o que é realmente um filme de vampiros, ainda que respeitando e inovando o seu original.

sábado, 26 de novembro de 2011

The Debt (2010) ★★★

"The Debt" é passado em dois tempos e localidades, na Alemanha em 1965 e em Israel em 1997. Na primeira, três espiões tentam raptar alguém que identificaram como um medico nazi de um campo de concentração e na segunda são as consequências que este rapto trouxe trinta anos depois.
Este remake do filme Israelita de 2007 tem todo o coração que um thriller deste género deve ter. Concentra-se muito nas personagens e isto ajuda a mostrar muito o talento dos actores que as reencarnam, deste ponto realço aqui, com grande agrado, a interpretação de Sam Worthington que me surpreendeu muito e claro Helen Mirren que, como sempre, mostra a sua classe fenomenal. 
Com uma atmosfera adequada ao género e com alguma sensualidade nas imagens é um filme rodeando por uma historia que nos coloca num dilema ético podendo originar, eficazmente, opiniões diferentes. 
É, sem duvida, uma obra com um argumento muito interessante que pretendo não aprofundar muito porque seria uma ofensa ao artista, retirando o efeito surpresa e toda a beleza do seu grande conteúdo.
Existem filmes que conseguem, magicamente, instalar-nos no seu interior desde o primeiro segundo: "Debt" é sem duvida um deles.

The Thing (2011) ★★

Um grupo de cientistas que se encontram na Antárctida descobrem uma criatura alienígena congelada. Esta criatura tem a habilidade de copiar o ADN de outros seres, sendo um deles o ser humano. Através disto a insegurança, o medo e desconfiança são os pratos principais desta prequela de "The Thing (1982)"

Esta nova versão de "The Thing" é, logo à partida, uma copia do ADN da versão de John Carpenter e tal como no filme, a copia não é perfeita, porque simplesmente não deixa de ser uma copia. O filme arrasta-se com ideias retiradas do clássico, mesmo não sendo um remake não deixou de fazer o que já havia sido feito.  O estreante realizador Matthijs van Heijningen Jr. fixou-se em colocar, no final, o inicio da versão de 1982, acredito que tenha sido para nos dar todas a respostas e para forçar a ideia que efectivamente estamos a ver uma prequela mas esqueceu-se que o suspense e o medo, eficaz, está no que fica por dizer e não em deixar tão pouco para a imaginação.
O CGI está bem conseguido e a ideia de colocar, em alguns momentos, a banda sonora da versão de 1982 envolve-nos logo no filme. O problema principal deste "The Thing" está no desenvolvimento das personagens, que não acontece. Esta é a triste realidade da "coisa" que falta nos filmes de terror actualmente -  muitas caras mas poucos corações.
Este é o terceiro "The Thing", o primeiro foi "The Thing from Another World (1951)" e o segundo foi, o já aqui mencionado, "The Thing (1982)". Então agora temos duas "coisas" baseadas na primeira mas que não estão directamente relacionadas sendo esta ultima a que tem muito pouco de originalidade e profundidade para "oferecer".

quinta-feira, 24 de novembro de 2011

Faces in the Crowd (2011) ★

"Faces in the Crowd" conta a historia de Anna (Milla Jovovich) que numa noite, a caminho de casa,  é atacada por um assassino acabando por acordar num hospital. Sofre uma lesão na cabeça fazendo com que ela adquira prosopagnosia, doença conhecida por cegueira facial, dificultando o reconhecimento do assassino que a atacou. 

Um filme escrito e realizado por Julian Magnat, que logo à partida mostra que não nos vai trazer nada de novo ao género. O maior exemplo disto é o uso da "cegueira" igualmente usada em alguns filmes no inicio dos anos 90 tais como " Jennifer 8" e "Blink" que, por coincidência ou não, também contém uma heroína que se apaixona pelo policia que tenta encontrar o assassino. Poderia usar bem esta ideia tal como foi feito em " Los ojos de Julia (2010)" mas falhou por completo, transmitindo-me a tentação terrível de acabar com a minha tortura desligando o televisor. No preciso momento em que me apercebi que Anna não estava a reconhecer estruturas corporais e vozes (prosopagnosia implica só o desconhecimento facial) comecei a pensar que era masoquista. 
Em conclusão, é um thriller de fraco nível onde o clímax é quando se faz silencio e nos apercebemos que finalmente o filme acabou. 

segunda-feira, 7 de novembro de 2011

Another Earth (2011) ★★★★

No céu revela-se um planeta com o tamanho quatro vezes superior à Lua. Acabamos por descobrir que é outro planeta Terra, não uma segunda Terra mas sim a mesma, num universo diferente que agora se tornou visível. É esta a base de "Another Earth" e através desta a historia tem um significado muito profundo.
Rhoda Williams (Brit Marling) conduzindo a caminho de casa distraí-se ao olhar, fixamente, para o outro planeta e provoca um acidente contra outro carro, matando uma mãe, uma criança e deixando o pai em coma.
Passados alguns anos Rhoda sai da prisão e descobre que o sobrevivente já havia saído de coma: um compositor chamado John Burroughs (William Mapother). Esta devastada pelo que tinha feito tenta pedir desculpas mas acaba por tornar tudo mais complicado.
O filme explora a ligação entre duas personagens para um grande propósito, algo que não é muito comum no cinema actual. Brit Marling (actriz e argumentista) está muito bem no papel da jovem Rhoda que muitas vezes nos leva, inevitavelmente, ao desespero mas também à esperança. 
Mike Cahill (realizador) usa toda a atmosfera de um filme de ficção cientifica e dá-lhe um coração enorme, pecando algumas vezes na tentativa de esquivar-se dela porque acima de tudo este é um filme de ficção cientifica e tem que ser encarado como tal, mesmo tendo uma imensidão de sentimentos delicados.
"Another Earth" um filme de baixo orçamento que contém uma historia simples à primeira vista mas muito complexa quando mais aprofundada. 
Acredito que não será muito bem recebido pelos não amantes do cinema de ficção cientifica mas será, certamente, bem recebido pelos amantes do cinema de grande sensibilidade.

quarta-feira, 2 de novembro de 2011

Win Win (2011)★★★★

De Tom McCarthy, o aclamado argumentista/realizador de "The Visitor" e "The Station Agent," oferece-nos uma comédia/drama de grande afeição.
Paul Giamatti é Mike Flaherty, um advogado com pouca sorte e também treinador de uma equipa escolar de wrestling, que para sustentar a sua família se torna tutor de um cliente idoso. Quando o neto vem visitar o avô, Mike assume a responsabilidade deste também, tornado tudo mais complicado, ou não.

Tom McCarthy conseguiu criar um filme leve como o ar e extremamente confortável. Talvez a experiência cinematográfica mais confortável que visualizei este ano, até o momento.
É um filme honesto sobre o famoso erro humano de pensarmos que temos tudo controlado, até descobrirmos que complicamos mais ainda os problemas que tínhamos.
De todo o vasto e talentoso elenco, destaco Giamatti, que novamente nos traz uma boa interpretação e também Bobby Cannavale que aparece como a personagem mais cómica do filme, com momentos extremamente hilariantes. 
"Win Win" é inteligente, emocional e recheado de ternura, recomendado a todos  que gostam de olhar para um ecrã com um sorriso nos lábios.


 

domingo, 30 de outubro de 2011

Wu Xia (Swordsmen - 2011) ★★★★

Num olhar mais distante, este é meramente um filme de artes-marciais, mas quando observamos mais atentamente "Swordsmen" é mais do que isto. 
Um filme de Peter Chan (Warlords) onde Donnie Yen (Yip Man) interpreta o papel de um homem de família que vive numa vila no meio de uma floresta de uma forma perfeitamente pacifica, até o dia que é atormentado pelo seu passado e terá de lutar contra ele. 

Assim como em "A History of Violence" de David Cronenberg, aqui toda a violência não é gratuita, tudo que ocorre é por necessidade. As semelhanças com o filme de Cronenberg não são só neste aspecto mas também a nível de historia - Um homem que tem uma nova vida e tenta esconder o seu passado negro da família e sociedade acabando por ser perseguido. 
Em originalidade o filme não é nada de novo e olhando para ele desta forma até se torna um filme vulgar de entretenimento. Mas aqui o que faz a diferença é a forma que Peter Chan explora a arte-marcial a um nível brutal, tanto nos aspectos sonoros como nos visuais. As coreografias dos combates, criadas por Donnie Yen, são espantosas e os actores estão muito bem.
Para acabar, se estão à espera de um filme de artes-marciais recheado de acção estão bem enganados, o filme tenta ser o mais moderado possível e concentra-se mais no desenvolvimento das personagens. Sendo este ultimo aspecto o que torna este filme algo de diferente e especial.
Extremamente recomendado aos amantes do género e a todos os amantes do bom cinema.


sábado, 29 de outubro de 2011

Sleeping Beauty (2011)★★

Realizado pela escritora australiana e estreante Julia Leigh. 
"Sleeping Beauty" mal foi promovido prendeu de imediato a minha atenção e claro influenciou a minha expectativa, sendo esta positiva. Acredito que esta expectativa tenha influenciado o meu critério que nem a beleza visual desta obra me agradou por completo. 
Tem um elenco bem escolhido, onde Emily Browning destaca-se, tanto pela coragem de ter aceite reencarnar Lucy como também pela sua agradável interpretação.
Mas quando falo do filme na sua totalidade a primeira palavra que me vem à mente é: Insuficiente. Enquanto as imagens foram passando senti-me muito pouco envolvido, por falta de desenvolvimento das personagens e relações entre elas, e fui mergulhando num mar de cenas repetidas e pouco profundas.  
Infelizmente não consegui evitar ficar afogado em frustração.

Melancholia (2011)★★★★

Para iniciar este blog, começo por uma critica breve a um filme que merece ser muito falado. Não pela controvérsia feita por Lars Von Trier no festival de Cannes mas pelo prazer visual que esta longa-metragem nos oferece. 
O filme começa com uma melodia de imagens, belas mas chocantes e continua com uma personagem fraca e masoquista, que ganha força quando acontece o pior, tal como em "Antichrist" funcionando na perfeição.
Depois de Von Trier ter sobrevivido a uma grande depressão, apresenta-nos um filme visualmente menos agressivo que o seu anterior. Novamente provoca-nos medo e desespero, mas numa viagem cinematográfica poética de beleza e agrado.
É um filme obrigatório para ser visualizado num grande ecrã o mais rapidamente possível, antes que o mundo acabe.