segunda-feira, 25 de junho de 2012

A Torinói ló «The Turin Horse (2011)» ★★★★★

 Realização: Béla Tarr e Ágnes Hranitzky
 Argumento: László Krasznahorkai e Béla Tarr

Em Turim, em 1889, Nietzsche protege um cavalo que é brutalmente espancado. Depois desse episódio, perderá a razão. No campo, um camponês, a filha e o velho cavalo. Lá fora, uma tempestade.


Reza a lenda que Nietzsche sofreu o, famoso, colapso mental após ter tentado proteger um cavalo que estava a ser espancado. A questão em «A Torinói ló» é; O que aconteceu ao cavalo? 
Realizador Béla Tarr disse que este seria o seu ultimo filme, ironicamente ou não «A Torinói ló»  é sobre o peso da existência humana e coloca-nos um sentimento que algo vai acabar. 
Num desenrolar lento e a preto e branco somos inseridos, durante 6 dias, na vida de um camponês, sua filha e um cavalo, através de um ambiente arrepiante, atormentador e apocalíptico. Este ambiente é criado não só pelo seu aspecto estético, mas também pelo seu conteúdo argumentativo; Aquela rotina diária, aqueles trabalhos básicos, toda aquela repetição fez-me chegar a um enorme vazio, rodeado por solidão e tristeza. No entanto, os meus olhos estavam viciados no ecrã, pois o que se passava nele era atormentadoramente deslumbrante.
 A Torinói ló aka «The Turin Horse (2011)» é um filme que não tem nada de ordinário, é belo demais para ser designado como belo, é muito relevante para ser considerado obrigatório... é simplesmente genial. 


segunda-feira, 11 de junho de 2012

Prometheus (2012) ★★★

Realização: Ridley Scott
Argumento: Jon Spaihts e Damon Lindelof

Uma expedição espacial em busca do maior de todos os segredos, torna-se num desafio à perseverança e sobrevivência da tripulação quando confrontada com um pesadelo como a humanidade nunca viu.


Ridley Scott voltou, após tanto tempo afastado, ao género da ficção cientifica. Só por  este feito «Prometheus» já era tão esperado, a isto acrescenta-se o facto de ser uma prequela do primeiro "Alien" e ter sido, espantosamente, bem promovido, criando em mim uma inevitável expectativa.
Desapontado, é a palavra mais adequada para definir o que senti quando acabei de visualizar «Prometheus», não pelo seu aspecto visual de encher o olho ( parabéns à direcção artística) nem pelo desempenho dos actores ( Michael Fassbender está fenomenal como andróide David), o meu desapontamento foi direccionado ao desenvolvimento das derradeiras perguntas - Quem somos, quem nos criou e porquê?- Não vou esconder que estas perguntas agradam-me, mas igualmente tornam tudo mais delicado, sendo isto o que promoveu em mim um certo receio para o que vinha a seguir, já que nunca consegui retirar da mente, também porque o filme não o permitia,  que estava a ver um filme ligado a «Alien (1979)». Acredito que esta ligação foi o que colocou, nesta longa-metragem, uma enorme "etiqueta" pois «Prometheus» poderia sobreviver eficazmente sem uma união a qualquer filme, sendo ele, por si só, um inicio de uma saga prometedora.
«Prometheus» aterrou e deixou-me deslumbrado com os seus efeitos visuais, no entanto, o combustível da sua abordagem filosófica não foi o suficiente para elevar-se e ser algo mais que um mero blockbuster de verão.


quarta-feira, 6 de junho de 2012

God Bless America (2011) ★★

Realização: Bobcat Goldthwait 
Argumento: Bobcat Goldthwait 

Frank, um homem solitário, desempregado, descobre que tem um tumor no cérebro resolvendo então matar todas as pessoas que considera um problema para a humanidade. No caminho encontra uma adolescente de 16 anos, Roxy, revoltada e que partilha da mesma raiva. 


No inicio não é difícil concordar com Frank (Joel Murray) e a sua frustração por viver num mundo recheado de ignorância e estupidez. Até aqui consegue-se perceber a ideia de Goldthwait e sentir algum conforto e agrado, o problema está a seguir, quando nos apercebemos que estamos a ver um filme sobre dois psicopatas que decidiram matar quem achavam que merecia morrer. Se concordarmos com eles estamos a concordar com todo este tipo de violência extrema, pois este é o caminho mais fácil e não o mais eficaz. Não vou esconder que achei alguns momentos engraçados, tais como a cena na sala de cinema, mas para um filme que começa a exibir um problema tão real e acaba por resolvê-lo de uma forma extremamente ridícula torna-se muito difícil soltar uma gargalhada.
«God Bless America» é o perfeito exemplo de um filme com uma ideia que prometia ser genial, mas acaba por não cumprir a promessa. 


segunda-feira, 4 de junho de 2012

Snow White and the Huntsman (2012) ★★★

Realização: Rupert Sanders
Argumento: Evan Daughert, John Lee Hancoc e Hossein Amini

Nova versão do lendário conto «A Branca de Neve e o Caçador», a história de Branca de Neve, a única pessoa na terra mais bela que a rainha má, que fará de tudo para a destruir. A jovem Branca de Neve aprende a arte da guerra com um caçador, que supostamente teria a missão de a matar, acabando por ajudar a ameaçar o reino da rainha maléfica.


Não penso ser acusado de estragar esta obra a alguém pois esta se trata de um conto de fadas, e os contos de fadas todos nós sabemos como acabam; ...e viveram felizes para sempre! Em «Snow White and the Huntsman» a diferença está no seu conteúdo e na forma como tudo é construído, introduzindo-nos, com alguma eficácia, num mundo recheado de maravilhas e escuridão. 
A maior diferença, deste filme e o conto que todos conhecemos, está na forma que nos faz encarar o bem e o mal, criando-nos alguma empatia pelo mal; A maldade não nasce com a rainha má, mas sim o mundo que a envolve a fez ser assim.
Todo o filme é acompanhado por uma admirável banda-sonora e  excelentes efeitos visuais, no qual as suas maiores pérolas são a  floresta negra e a floresta encantada. Muitos parabéns à equipe de direcção artística pois nos entrega, principalmente na floresta encantada, momentos de pura delicadeza que nos obriga a arregalar os olhos e esboçar sorrisos. No entanto, «Snow White and the Huntsman» consegue ser muito longo para o seu conteúdo e consegue pecar na sua conclusão, principalmente quando vemos uma Branca de Neve transformada em Joana d'Arc, deixando-nos a semente no pensamento de como ela ganhou todo aquele espírito de guerreira logo após ter acordado do feitiço da maçã. Talvez a maçã tivesse alguma vitamina E(spada).  
Bem, quanto a interpretações, não acho que este é um filme dedicado a tal, mas é de realçar Charlize Theron como rainha má (Ravenna), e  Kristen Stewart como Branca de Neve, que demonstraram, sem sombra de duvidas, terem sido muito bem escolhidas para os seus papeis.
 «Snow White and the Huntsman» é uma reinvenção de um conto de fadas que  leva-nos por um caminho visualmente prazeroso onde existe uma maior preocupação e complexidade nas personagens, mas, infelizmente, peca na sua conclusão deixando-nos infelizes para sempre.