terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

The Grey (2012) ★★★

Realização: Joe Carnahan 
Argumento: Joe Carnahan 

Ao tentar fazer uma viagem tranquila para casa, um grupo de extractores de petróleo do Alasca acabam sofrendo um acidente aéreo. Do total de 125 passageiros, apenas 8 sobrevivem. Feridos, tentam se recuperar quando descobrem que aquele é um local habitado por uma matilha de lobos selvagens. Considerando os humanos invasores, os animais passam a caçar lentamente os sobreviventes da queda do avião, levando-os a uma intensa luta pela sobrevivência.


The Grey foi aquele filme que me conseguiu surpreender pela positiva, tanto pelo seu aspecto técnico como também pela sua devoção a uma historia de sobrevivência, que já  foi muitas vezes usada mas aqui aparenta ser algo refrescante e novo. Talvez seja pelo uso da lógica na lei da sobrevivência, no como compara o comportamento humano/racional ao mundo do animal irracional e na forma como as personagens principais encaram a dureza de estarem a ser observados, manipulados e perseguidos por seres pacientes e em maioria, num clima extremamente cruel.
O filme dá-nos tempo para nos colocar presos a algumas personagens de um modo profundo e poético, tornando alguns momentos profundamente dolorosos onde levamos a vida e a morte a serio.
A morte é observada de bem perto em The Grey mas em cada momento, susto, dialogo e frame sentimo-nos vivos.




sábado, 25 de fevereiro de 2012

The Woman in Black (2012) ★★

Realização: James Watkins
Argumento: Jane Goldman, baseado na obra literária de Susan Hill

O jovem advogado londrino Arthur Kipps (Daniel Radcliffe) é forçado a deixar o seu filho de três anos para viajar até à aldeia remota de Crythin Gifford, para tratar dos negócios do falecido proprietário da Eel Marsh House. Mas quando chega à arrepiante velha mansão, ele descobre segredos obscuros do passado dos habitantes da aldeia e o medo começa a dominá-lo quando vislumbra uma misteriosa mulher vestida de negro.

  
The Woman in Black começa como todos os filmes deste género normalmente começam: uma tragédia, um ambiente assustador e um segredo por desvendar. Não vou esconder o meu agrado pelo fase inicial, mesmo não sendo algo de novo deixa sempre um desejo para ver o que vem a seguir, mas acabei por me aperceber rapidamente que estava perante um filme mediano que deseja ser algo mais. São muito poucas as tentativas de dar um susto ou mesmo um arrepio e as que existem não são eficazes, acabando por nos deixar, novamente, aborrecidos no mundo irritante do cliché. 
O mistério é tão previsível que percorri até à sua resolução tentando acreditar que ia ser surpreendido, tal não aconteceu e acabei por me sentir rejeitado num poço sem fundo. 
Quanto a Daniel Radcliffe, torna-se evidente a sua luta para fugir à personagem Harry Potter, talvez porque a personagem aqui não é a ideal ou por não ter tido tempo suficiente para desenvolvê-la, mas sua fuga não foi eficaz.

The Woman in Black é o fantasma de Harry Potter e do cinema de terror, é um filme medíocre com uma conclusão que nos deixa irritados e com vontade de entrar numa maquina do tempo.

quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

Hugo (2011) ★★★★★

Realização: Martin Scorsese 
Argumento: John Logan. Baseado na obra literária de Brian Selznick

A história de um órfão que vive em segredo nas paredes de uma estação de comboios de Paris. Com a ajuda de uma rapariga excêntrica, ele procura a resposta para uma misteriosa ligação entre o pai que perdeu recentemente, o mal-humorado dono da loja de brinquedos que vive por baixo dele e uma fechadura em forma de coração, aparentemente, sem chave.


Esta é a obra prima que Scorsese nunca tinha feito. Com a ajuda de uma enorme beleza visual que é acompanhada por uma banda sonora deslumbrante, este é aquele filme que nos aperta o coração deixando-nos perdidamente apaixonados.
A primeira parte de Hugo está extraordinária, onde nos ambientamos com todo o cenário fenomenal e entramos na vida do pequeno herói e na sua aventura, mas é na segunda parte que qualquer amante da 7ª arte cairá de pés juntos, principalmente quando é mencionado aquele nome que qualquer cinéfilo que se prese conhece e admira... não vou adiantar muito mais sobre este aspecto para não estragar a surpresa que ainda estou a engolir.
Hugo celebra o nascimento do cinema e estimula a preservação de filmes clássicos com momentos delicados, emocionantes, únicos e inalteráveis.
Hugo é aquele filme especial que permanecerá na minha memoria mas comprometido com o meu coração.  
Hugo não é uma ilusão é pura magia.

The Descendants (2011) ★★★★

Realização: Alexander Payne
Argumento: Alexander Payne, Nat Faxon, Jim Rash, baseado na obra de Kaui Hart Hemming.

A história de Matt King (George Clooney) um homem de negócios residente no Hawai, que após o acidente de barco que coloca a sua mulher em coma, tenta pegar nas rédeas da sua família. As suas duas filhas, com quem mantinha uma relação distante, vão ajudá-lo a trilhar o caminho que tem pela frente, entretanto agravado com a descoberta de que a sua mulher mantinha uma relação extra-conjugal.


 Em The Descendants somos levados por uma rota de mistura de emoções perturbadoras e profundas mas também agradáveis e delicadas numa historia gratificante que provoca a gargalhada e a tristeza.
Durante todo o filme senti-me um turista, não só em Hawai mas também nas vidas de personagens tão reais e vivas que desligou-me por completo do outro mundo que me envolve. 
Clooney aqui apresenta uma das suas melhores e complexas interpretações, demonstrado ter sido muito bem escolhido para o papel. O actor errado poderia muito bem não nos acorrentar tanto à personagem ou mesmo à historia como Clooney conseguiu: nós partilhamos os seus pensamentos e suas emoções e no final sentimos que chegamos juntos à sua decisão.
Um filme extremamente agradável que capta a nossa atenção desde o seu primeiro frame até o ultimo, deixando-nos saudades e vontade de repetir a viagem.

terça-feira, 21 de fevereiro de 2012

War Horse (2011) ★★★

Realização: Steven Spielberg
Argumento: Lee Hall, Richard Curtis, baseado na obra de Michael Morpurgo.

War Horse começa com uma comovente amizade entre um cavalo de nome Joey e um rapaz de nome Albert, que o doma e treina. Quando são forçados a separar-se, o filme segue a extraordinária viagem do cavalo e o seu percurso na guerra, mudando e inspirando as vidas daqueles que com ele se cruza – a cavalaria Britânica, soldados Alemães e um agricultor Francês e a sua neta – antes de a história atingir o seu clímax em pleno campo de batalha em Terra de Ninguém. A Primeira Guerra Mundial é vivida pelos olhos deste cavalo  numa viagem de alegrias, tristezas, amizade e aventura.


Depois de tantos filmes com a segunda guerra mundial como plano de fundo, o senhor Spielberg "virou-se" desta vez para a primeira, num filme que não me convenceu por completo. 
É sem duvida um filme repleto de emoções e momentos visualmente requintados mas muito longo para a sua mensagem: em certas alturas acabamos por desviar a atenção do que se passa na tela sabendo que não perderemos muito. O maior problema desta extra-longa-metragem está na enorme exploração das coincidências, que questionadas com alguma profundidade torna toda esta historia algo de muito artificial e extra«ordinária».
Acima de tudo War Horse é um filme  que não tem medo de emocionar. Merece ser visualizado e apreciado, principalmente pelos seus aspectos técnicos.

The Artist (2011) ★★★★★

Realização: Michel Hazanavicius
Argumento: Michel Hazanavicius

Hollywood, 1927. George Valentin (Jean Dujardin) é uma das maiores estrelas do cinema mudo. Certo dia conhece Peppy Miller (Bérénice Bejo), uma jovem e ambiciosa figurante, por quem fica fascinado. Mas a chegada dos filmes sonoros marca o fim da carreira de George, e faz de Peppy a nova grande estrela da nova indústria.


Como seria se um filme que recriasse o cinema mudo fizesse-nos parecer que estávamos a ver algo de novo? Como seria se alguém criasse uma historia que nos envolvesse neste tempo sem darmos por isso?
Seria talvez um dos melhores filmes do ano. The Artist é tudo isto e muito mais! O senhor Michel Hazanavicius conseguiu criar uma proeza da 7ª Arte recheada de subtileza e momentos belos que nos fazem esboçar sorrisos constantes.
Tal como em Singing in the rain a historia concentra-se na altura da mudança do cinema mudo para o sonoro e na dificuldade das grandes estrelas dos anos 20 se adaptarem a esta mudança. Atenção que este não é um drama sombrio que nos faça bocejar ou mesmo desligar, é exactamente o oposto já que está repleto de momentos alegres, emocionalmente românticos que nos dá um tremendo prazer por estarmos, naquele momento, lá envolvidos.
The Artist é daqueles filmes que por mais que tentarmos explicar o que ele significa mais vai parecer que estamos a desvaloriza-lo, assim o melhor será relaxar, fazer uma cara de agrado e permanecer mudo. 

sábado, 18 de fevereiro de 2012

A Dangerous Method (2011) ★★★★

Realização: David Cronenberg 
Argumento: Christopher Hampton. Baseado na peça de Christopher Hampton e na obra literária de John Kerr.

Seduzido pelo desafio de um caso impossível, o Dr. Carl Jung (Michael Fassbender) aceita a bela mas desequilibrada Sabina Spielrein (Keira Knightle), como sua paciente. A arma de Jung é o método utilizado pelo seu mestre, o célebre Sigmund Freud (Viggo Mortensen).


Baseado na peça de Christopher Hampton de 2002 " The Talking Cure", este novo filme de Cronenberg leva-nos ao inicio da psicanálise e ao envolvimento nesta de dois dos seus fundadores <Carl Jung e Sigmund Freud>. Somos de pronto absorvidos por esta longa metragem sustentada por diálogos de encher o olho, principalmente os de Freud com Jung, que nunca chegam a ser maçadores, até pelo contrario são de puro prazer e proveito. São de mencionar também as interpretações de alto nível, como se havia de esperar - Keira Knightle está fenomenal  e intensa como Sabina. 
Em A Dangerous Method somos rapidamente inseridos na época e no seu conteúdo, que sempre me despertou uma enorme curiosidade, de  forma provocadora e estranha. Cronenberg conseguiu definitivamente surpreender-me e deixar-me, muitas vezes, perplexo nesta obra de grande profundidade e dimensão. 

Na minha mente permanece este dialogo: 
Carl Jung: O prazer nunca é simples, como bem sabe.
Otto Gross: Claro que sim. Até decidirmos complicá-lo. O que meu pai chama de maturidade, eu chamo rendição.  

sábado, 11 de fevereiro de 2012

A Separation (2011) ★★★★★

Realização: Asghar Farhadi
Argumento: Asghar Farhadi

Quando a sua esposa sai de casa, Nader (Peyman Maad) contrata uma jovem mulher para tomar conta do seu pai doente. O que ele não sabe é que a nova empregada não só está grávida, como trabalha também sem a permissão do marido. Pouco tempo depois, Nader vê-se envolvido numa teia de mentiras, manipulação e confrontos públicos.


Existem filmes que iluminam os nossos olhos de tão brilhantes que são e cobrem-se de arte da cabeça aos pés, este é o caso de A Separation, um drama que veio directamente do Irão para nos projectar uma historia envolvente, muito realista  e com um grande toque de suspense. Este é o perfeito exemplo de quanto bom um filme pode ser, sem ser necessário muita complexidade, simplesmente demonstrando de uma forma criativa como tudo realmente é. 
A Separation consegue nos levar por uma rota amarga de complexos e limitações religiosas que têm muito poder sobre a sociedade e o quanto ridículo isto pode-se tornar. Podia, aqui, pintar um quadro cheio de pormenores sobre esta obra, que tanto me fascinou, mas a dada altura estragaria toda a pintura porque a magia por detrás desta longa-metragem está na maneira que tudo gradualmente evolui, tornando-se digna de ser visualizada e apreciada.
Um filme que não merece ser visto só como uma analise social ou mesmo como um critica politica é também um estudo ao comportamento humano e a forma que este reage numa sociedade que defende, acima de tudo, a honra, o orgulho, a justiça e valores religiosos. Uma defesa que acaba sendo ridicularizada.




domingo, 5 de fevereiro de 2012

Take Shelter (2011) ★★★★

Realização: Jeff Nichols
Argumento: Jeff Nichols

Um homem de família Ohio experimenta uma série de visões perturbadoras que gradualmente começam a pesar sobre seu casamento e comunidade, quando ele começa a construir obsessivamente um abrigo da tempestade fortificada. Curtis LaForche (Michael Shannon ), tem uma vida boa. Ele vive em uma bela casa com sua esposa amorosa , Samantha (Jessica Chastain ), e sua filha de seis anos de idade, surda, Hannah ( Tova Stewart), mas começa a sentir que algo sinistro está no horizonte.


É na personagem interpretada por Michael Shannon que este thriller dramático se concentra e mais uma vez Shannon prova ser um actor de grande nível, numa personagem atormentada mas inteligente que procura descobrir a causa das suas visões. 
Este é, sem duvida, um filme de baixo orçamento focado em momentos arrepiantes e muito eficazes onde nota-se o trabalho cuidadoso de Nichols em manter o suspense que nos leva pela estrada da duvida e agonia.
Um thriller para ser levado a sério, com momentos muito bem filmados e, volto a mencionar porque não é demais, a interpretação de Shannon que nos deixa acorrentados a tudo o que se passa no ecrã.
Um filme genuíno que deixará os espectadores falar sobre ele durante muito tempo.

quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012

The Girl With the Dragon Tattoo (2011) ★★★

Realização: David Fincher 
Argumento: Steven Zaillia, baseado na obra de Stieg Larsson 

Querendo se distanciar do que restou de uma sentença por difamação, o jornalista Mikael Blomkvist (Daniel Craig) se retira para uma ilha remota no extremo norte da Suécia onde o assassinato não solucionado de uma garota jovem ainda assombra seu tio industrialista, quarenta anos depois. Escondido em um chalé na ilha onde o assassino ainda pode estar rondando, a investigação de Blomkvist o leva para os segredos e mentiras dos ricos e poderosos, e o coloca junto de uma aliada pouco convencional - a tatuada, punk hacker, Lisbeth Salander(Rooney Mara).

Este remake americano de David Fincher, se não contarmos com os belos aspectos técnicos,  não nos trás algo de novo em relação à adaptação anterior, mas leva-nos novamente, com perfeição, ao mundo criado por Stieg Larsson. Mesmo sabendo o que vem a seguir, com a ajuda de uma atmosfera arrasadora, o filme consegue despertar curiosidade e tenção, coisa que normalmente não acontece num remake.
Não poderia deixar de mencionar a banda sonora fenomenal de Trent Reznor e Atticus Ross que acompanha cada passo do filme, atingindo o nosso sistema nervoso de um modo chocante.
The Girl With the Dragon Tattoo de Fincher é funcional, bem realizado, tem os créditos iniciais mais belos que se tem visto e consegue, de alguma forma, elevar-se.
Não vou esconder que, inicialmente, este remake não me interessava mas depois despertou-me alguma curiosidade, acabando por me deixar surpreendido pela positiva.
 
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